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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Sorrir amortece a ocasião: Jean-Yves Leloup nos encoraja a conservar o interior. Entenda!


Não há nada mais difícil do que manter a firmeza de espírito quando dissabores surgem pelo caminho. Ciente disso, Jean-Yves Leloup, no livro Uma Arte de Cuidar (ed. Vozes), nos encoraja a conservar a chama interior acesa mesmo nas adversidades.

Estudos sugerem que o simples fato de sorrir pode reequilibrar o sistema nervoso autônomo, que se torna menos sensível ao estresse. Pode aumentar o fluxo sanguíneo do cérebro e estimular neurotransmissores favoráveis – especialmente nas horas mais difíceis, defende o mestre Jean-Yves Leloup. Segundo ele, quando estamos deprimidos – a vida não é fácil todos os dias – é possível fazer um esforço para sorrir até mesmo sob as cinzas. “A propósito de um texto sobre as etapas da meditação, o sorriso de Buda não é falso, é um sorriso que vem através das provações, é uma vitória interior sobre o absurdo”, destaca. “Há ainda outros esforços conscientes para melhorar nossa atitude, que suscitariam respostas favoráveis ao organismo. 

Por exemplo falar lenta e docemente pode diminuir o ritmo cardíaco. Pode-se questionar o fundamento científico dessas afirmações, mas há alguns anos eu pude verificar tudo isso no Vietnã, um país onde os rios e a terra foram contaminados por todos os tipos de produto. Como pesquisadores, perguntávamos como um povo tão contaminado pode reagir de uma maneira tão positiva e sobreviver com alimentos que teriam, provavelmente, envenenado fatalmente outras pessoas? Ao viver entre eles, pude verificar a força do sorriso. São pessoas que sabem dizer não com um sorriso. Isso é algo interessante. Trata-se de saber lutar contra seu inimigo, reclamar justiça e ao mesmo tempo não se deixar contaminar pela raiva e pelo ódio”. Para o teólogo, dizer não com um sorriso protege o indivíduo e culmina num resultado mais assertivo. “Lembro-me de um estudo realizado com dois grupos de dirigentes de empresas, que se confrontavam com situações muito estressantes. 

Os dirigentes que mantiveram uma boa saúde tinham uma maneira diferente de considerar e enfrentar as conjunturas difíceis. Encaravam as mudanças boas e ruins como elementos inevitáveis da vida, que representavam, para eles, ocasiões de aquisição de novas experiências, ao invés de uma mera ameaça à segurança. Estamos diante de uma antiga palavra grega, Kairós. Existe Kronos, que é o tempo que devora seus fi lhos, que nos envelhece e destrói. Há também Kairós, que quer dizer, literalmente, a ocasião; fazer de tudo o que nos acontece uma ocasião favorável, para desenvolver a própria consciência, para tornar-se mais humano. É como um teste para verificar o que temos em nossas profundezas. Em algumas tradições espirituais, as provações não são consideradas somente ruins; são ocasiões para crescer conscientemente e também em paciência, que é uma forma elevada de amor. Quando falamos da Paixão de Cristo, nos referimos à paciência de Cristo e de como Ele transformou cada uma das provações que encontrou em uma ocasião para salvar a humanidade, para salvar o que havia de mais humano nele.”


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